manifesto fotográfico

não vamos cultivar o olhar perdido
que divagando, entretido
só enxerga o pensamento.

seremos a favor do perder-se em olhar
e fotografar
em mil imagens:
sons...
cheiros...
movimentos...
tempos!

e as imagens vão todas se encontrar!

queremos muita informação colorida
até que a vista fique puída!

até que os cílios fiquem puídos!
de tanto flertar...

palha

quero sumir,
ou pelo menos virar uma palha.
pegar fogo.

depois virar cinza, ser poeirinha no ar...
até alguém me respirar,
me salvar de ser sozinha.

ficaria até bem se fosse uma agulha no palheiro...
que ando assim difícil de me encontrar.

sobre vidência

simples olhar que se lança sobre o futuro
já o modifica.

se eu me atrasar, contando com o atraso do outro
ele não mais atrasará. eu sim.

se souber do que posso,
sabendo,
e podendo,
não mais poderei.

as mil coisas sobre as quais olhei, não são, não serão.

e ficam cada vez mais distantes
quanto mais olho sobre elas.


[a queda evitada impede aprender a levantar.]

igual a mil

uma menina igual a mil, uma história igual a mil...
que não está nem aí.
tivesse a vida pra escolher, palavras pra escolher,
e era talvez distraída, talvez distração,
o que ela mais queria ser.


e é bem por aí....


[parodeie chico e sinta-se poeta!]

Pra pensar

Pra pensar em você, não preciso fechar os olhos.
Nem olhar uma foto.
Sequer encontrar um bilhete seu.

Pra amar você,
Não preciso relembrar nossa história.
Tudo por que passamos.

Você é escrito você no meu pensamento sem vestígio, sem história, sem saudade, sem porquê.
Porque sim, porque vivo, meu coração bate: VO-CÊ.