quarta-feira, 18 de agosto de 2010

vo

quando ele morreu, eu parei.
o mundo se desqualificou.
doía, em cada dia, a noite do meu vô.

dois anos depois sonhei com ele, jovem, como nunca o vi.
como se o conhecesse desde antes, de quando ele era não meu vô: 
desde quando nós dois éramos da mesma idade. 
e desde então me profundei em eternidade. 

aí, dia desses, ganho um presente, pela janela: a voz do vô.
"ô júlia, acho que vou aterrissar"
meu vô joão eterno. 

vô voando e aterrissando, vô longe, vô bem perto.
ô, vô, eu também vôo!