quarta-feira, 4 de maio de 2011

Vestígios de Sonho - II

Estava no 996 a caminho do Rio, na ponte. Na subida do vão central, o ônibus subiu mais, descolou do chão, virou um imenso navio que ondeava no ar, seguindo o mesmo caminho, carros e ônibus passando embaixo, cada vez mais distantes. Tudo ficou leve, como feito de vento.
Os passageiros pareciam estar acostumados, ou não perceber a transformação, mas eu estranhei. 
Me levantei e fui até a proa, lá havia um grupo de meninos. Na verdade, homens que pareciam meninos. Estavam a trabalho: eram 'bombeiros', recebiam muitos chamados, e saiam, voando - cada um pra um lugar, uma coisa diferente - e depois voltavam, e comemoravam mais uma tarefa cumprida, animados, murmurinho no ar.
Conversei com outras pessoas que também estavam ali, passageiros como eu, mas os bombeiros, eu só podia ouvir e observar, não era possível interagir, eles eram de outra dimensão, cinema no ar - e eram reais.
Então, na descida do vão central, o navio foi descendo também, voltando novamente a ser ônibus, a andar colado ao asfalto, a nos levar pro trabalho. 


O vestígio: a leveza que sinto agora.

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