terça-feira, 18 de dezembro de 2012
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
é preciso
ter sofrido muito, ter sonhado em vão
é preciso conhecer de perto
a dureza do chão
é preciso
desintegrar-se, reduzir-se a pó,
é preciso renunciar aos laços
pra desfazer o nó
é preciso
cair na correnteza, ir ao fundo,
é preciso ser jogado à margem
pra espraiar o mundo
e depois de tudo isso, ainda é preciso
que o brilho resista na retina:
porque a vida, menina,
é preciosa.
domingo, 16 de dezembro de 2012
O Tempo - VI
domingo é dia sem hora, portanto sem tempo, e ainda que passe,
e mesmo que volte, todos os domingos são um só.
posso ir ao passado, o passado vir a mim, e não há nada além,
porque o tempo se encerra - e se inicia - em cada domingo.
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Embora seja mais fácil, mais paterno, mais poético,
já não é possível acreditar em um salvador.
Não será o avaaz, o Freixo, a Arte. O Lula não foi.
Também não dá pra eleger o grande vilão: a Globo, a cruz, os ricos, delinquentes?
Todos delinquimos. O sistema. E o pão nosso de cada dia.
A avalanche de informações nos leva a crer o contrário, mas o processo social anda lento. A tecnologia também nos leva a crer o contrário, mas há fortes indícios de que a essência do homem-bicho, presa e predador, ainda exala de nossa pele.
Todo jovem já deve ter sonhado alguma vez em mudar o mundo, ou, "ser alguém", no mundo - eu já.
Sempre tive curiosidade em decifrar este mesmo mundo, mas hoje, meu maior esforço, é sentir-me parte dele.
Volto então à velha frase-clichê: é o sistema. Volto à oração que Jesus nos ensinou.
já não é possível acreditar em um salvador.
Não será o avaaz, o Freixo, a Arte. O Lula não foi.
Também não dá pra eleger o grande vilão: a Globo, a cruz, os ricos, delinquentes?
Todos delinquimos. O sistema. E o pão nosso de cada dia.
A avalanche de informações nos leva a crer o contrário, mas o processo social anda lento. A tecnologia também nos leva a crer o contrário, mas há fortes indícios de que a essência do homem-bicho, presa e predador, ainda exala de nossa pele.
Todo jovem já deve ter sonhado alguma vez em mudar o mundo, ou, "ser alguém", no mundo - eu já.
Sempre tive curiosidade em decifrar este mesmo mundo, mas hoje, meu maior esforço, é sentir-me parte dele.
Volto então à velha frase-clichê: é o sistema. Volto à oração que Jesus nos ensinou.
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
O Tempo - V
Tenho problemas com o tempo
com a forma como ele se acumula,
fazendo de cabeças e corações um depósito de memórias.
Quero o tempo fluido, que apenas passe
ou melhor, quero apenas passear pelo tempo,
que é infinito..
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
minha ordem mundial
américa latina, terceiro mundo
nação indígena, segundo
por fim, todo o continente
- planalto e cordilheira
mata densa e costeira
rio, riacho, cachoeira
lagoa, corredeira
o meio e a beira
pedra, sal, ar
poeira -
terreno transcendente,
ambiente fecundo:
antiquíssimo primeiro mundo.
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
terça-feira, 2 de outubro de 2012
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
a argila enquanto gira pelo torno
é terra fria que se amacia
tão logo ganha forma, o fogo
amorna e queima e endurece
a argila, quando sai do forno,
é adorno que se usa e quebra
então, assim, despojada de sua maciez
- duramente inútil -
servirá de giz para mensagens de amor
terá lugar nos fundos dos vasos de flor
será terra outra vez.
é terra fria que se amacia
tão logo ganha forma, o fogo
amorna e queima e endurece
a argila, quando sai do forno,
é adorno que se usa e quebra
então, assim, despojada de sua maciez
- duramente inútil -
servirá de giz para mensagens de amor
terá lugar nos fundos dos vasos de flor
será terra outra vez.
sábado, 21 de julho de 2012
assim como
depois que acaba a chuva
ainda há chuva
escoando pelos telhados
depois que acaba o amor
ainda há amor
esmorecendo em olhos molhados
ainda há chuva
escoando pelos telhados
depois que acaba o amor
ainda há amor
esmorecendo em olhos molhados
sexta-feira, 13 de julho de 2012
terça-feira, 10 de julho de 2012
blue blue day
o dia hoje amanheceu
tão-tão azul tristinho,
mas muito desbotadinho,
nem dei conta que era meu.
mal tardou, anoiteceu,
num cinza-azul tão apagado,
por fim, mal acabado,
dia esse que é todo seu...
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Mulheres Amorosas - II
Vó Candinha chega a mim por histórias, minha bisa-avó amada.
A preferida diz respeito a certa tática de conquista muito honrosa:
Nas férias, a netaiada toda enchia a casa de seu sítio em Piraí.
Perto da hora do almoço, sorrateira, chegava pra um,
dizia: "olha, vou colocar um ovo debaixo do seu feijão,
mas não conte pra ninguém, é só pra você, meu neto querido..."
O pequeno enchia-se de orgulho próprio por ser tão importante!
E tomava todo cuidado pra não ser descoberto e perder a regalia.
Anos e anos mais tarde, quando, em conversas sobre a mesa,
um outro - não sem certo constrangimento modesto -
resolve contar o mimo que a vó lhe fazia, a velha é descoberta!
Para todos os netos, fazia igual.
A preferida diz respeito a certa tática de conquista muito honrosa:
Nas férias, a netaiada toda enchia a casa de seu sítio em Piraí.
Perto da hora do almoço, sorrateira, chegava pra um,
dizia: "olha, vou colocar um ovo debaixo do seu feijão,
mas não conte pra ninguém, é só pra você, meu neto querido..."
O pequeno enchia-se de orgulho próprio por ser tão importante!
E tomava todo cuidado pra não ser descoberto e perder a regalia.
Anos e anos mais tarde, quando, em conversas sobre a mesa,
um outro - não sem certo constrangimento modesto -
resolve contar o mimo que a vó lhe fazia, a velha é descoberta!
Para todos os netos, fazia igual.
Mulheres Amorosas - I
Tia Ambrosina era corpulenta, tinha traços pouco femininos.
Era o aconchego em pessoa.
Havia tanto frescor em seu temperamento que eu
- menina um tanto emburrada da cidade -
sentia nela aquela cumplicidade que as crianças só concedem aos que tem a mesma idade.
Cuidadosamente, com as heras que subiam pela parede,
esculpia molduras vivas nas portas e janelas de sua casa.
Ela brincava: minha casa nunca para de crescer.
Do fogão a lenha saiam bolos e frituras que preenchiam o ar de um aroma terno
que Tia Ambrosina completava com uma larga risada.
No quintal, um grande tanque de água corrente da serra se prestava a bons banhos, em dias de coragem.
Pintinhos, passarinhos e afins eram presença sempre constante.
Eu achava aquela casa tão bonita, mas tão bonita,
que hoje pensando nela, eu penso
que beleza é o que se sente
e que casas, na verdade, são pessoas.
Era o aconchego em pessoa.
Havia tanto frescor em seu temperamento que eu
- menina um tanto emburrada da cidade -
sentia nela aquela cumplicidade que as crianças só concedem aos que tem a mesma idade.
Cuidadosamente, com as heras que subiam pela parede,
esculpia molduras vivas nas portas e janelas de sua casa.
Ela brincava: minha casa nunca para de crescer.
Do fogão a lenha saiam bolos e frituras que preenchiam o ar de um aroma terno
que Tia Ambrosina completava com uma larga risada.
No quintal, um grande tanque de água corrente da serra se prestava a bons banhos, em dias de coragem.
Pintinhos, passarinhos e afins eram presença sempre constante.
Eu achava aquela casa tão bonita, mas tão bonita,
que hoje pensando nela, eu penso
que beleza é o que se sente
e que casas, na verdade, são pessoas.
terça-feira, 17 de abril de 2012
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