sexta-feira, 18 de maio de 2012

Mulheres Amorosas - I

Tia Ambrosina era corpulenta, tinha traços pouco femininos.
Era o aconchego em pessoa.

Havia tanto frescor em seu temperamento que eu
- menina um tanto emburrada da cidade -
sentia nela aquela cumplicidade que as crianças só concedem aos que tem a mesma idade.

Cuidadosamente, com as heras que subiam pela parede,
esculpia molduras vivas nas portas e janelas de sua casa.
Ela brincava: minha casa nunca para de crescer.

Do fogão a lenha saiam bolos e frituras que preenchiam o ar de um aroma terno
que Tia Ambrosina completava com uma larga risada.

No quintal, um grande tanque de água corrente da serra se prestava a bons banhos, em dias de coragem.

Pintinhos, passarinhos e afins eram presença sempre constante.

Eu achava aquela casa tão bonita, mas tão bonita,
que hoje pensando nela, eu penso
que beleza é o que se sente
e que casas, na verdade, são pessoas.

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