Vó Candinha chega a mim por histórias, minha bisa-avó amada.
A preferida diz respeito a certa tática de conquista muito honrosa:
Nas férias, a netaiada toda enchia a casa de seu sítio em Piraí.
Perto da hora do almoço, sorrateira, chegava pra um,
dizia: "olha, vou colocar um ovo debaixo do seu feijão,
mas não conte pra ninguém, é só pra você, meu neto querido..."
O pequeno enchia-se de orgulho próprio por ser tão importante!
E tomava todo cuidado pra não ser descoberto e perder a regalia.
Anos e anos mais tarde, quando, em conversas sobre a mesa,
um outro - não sem certo constrangimento modesto -
resolve contar o mimo que a vó lhe fazia, a velha é descoberta!
Para todos os netos, fazia igual.
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Mulheres Amorosas - I
Tia Ambrosina era corpulenta, tinha traços pouco femininos.
Era o aconchego em pessoa.
Havia tanto frescor em seu temperamento que eu
- menina um tanto emburrada da cidade -
sentia nela aquela cumplicidade que as crianças só concedem aos que tem a mesma idade.
Cuidadosamente, com as heras que subiam pela parede,
esculpia molduras vivas nas portas e janelas de sua casa.
Ela brincava: minha casa nunca para de crescer.
Do fogão a lenha saiam bolos e frituras que preenchiam o ar de um aroma terno
que Tia Ambrosina completava com uma larga risada.
No quintal, um grande tanque de água corrente da serra se prestava a bons banhos, em dias de coragem.
Pintinhos, passarinhos e afins eram presença sempre constante.
Eu achava aquela casa tão bonita, mas tão bonita,
que hoje pensando nela, eu penso
que beleza é o que se sente
e que casas, na verdade, são pessoas.
Era o aconchego em pessoa.
Havia tanto frescor em seu temperamento que eu
- menina um tanto emburrada da cidade -
sentia nela aquela cumplicidade que as crianças só concedem aos que tem a mesma idade.
Cuidadosamente, com as heras que subiam pela parede,
esculpia molduras vivas nas portas e janelas de sua casa.
Ela brincava: minha casa nunca para de crescer.
Do fogão a lenha saiam bolos e frituras que preenchiam o ar de um aroma terno
que Tia Ambrosina completava com uma larga risada.
No quintal, um grande tanque de água corrente da serra se prestava a bons banhos, em dias de coragem.
Pintinhos, passarinhos e afins eram presença sempre constante.
Eu achava aquela casa tão bonita, mas tão bonita,
que hoje pensando nela, eu penso
que beleza é o que se sente
e que casas, na verdade, são pessoas.
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