terça-feira, 19 de agosto de 2014


esse pensamento longe que tens..

longe que avoa
cabeça de vento
tão longe

alcança-me

tua imagem é uma afronta
tão perto

que desaparece

e já não sei se és pensamento,
imagem,
o próprio vento,

ou se és - eu

segunda-feira, 18 de agosto de 2014


às vezes algum rosto me emociona. na rua, numa revista.
uma expressão.
profundamente sinto que conheço todas as emoções que movem este rosto aleatório.
e muitas vezes o invejo, só pelo fato de não ser eu. o meu rosto.

já fiz muitas promessas que não cumpri.
aos santos, a qualquer um, a mim mesma.

porque tudo isso? não sei.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014


Não fosse - tantas vezes - trágico,
ser humano seria cômico

Não fosse humano: apenas
SER

quarta-feira, 14 de maio de 2014

- Tom Zé

"Conselho para um jovem compositor
Não há vida depois da morte. Mas é absolutamente certo que há uma vida depois da vida.
Agora, você está começando a ensinar seu córtex cerebral a cantar. Desde o começo tenha todo o cuidado com a violência, porque quando as ligações neurônicas se repetem muitas vezes elas se tornam hábitos e estes hábitos mecânicos são transmitidos para o cerebelo.
O cerebelo tem um controle mais distante e fica repetindo os hábitos adquiridos. Se esses hábitos remotos estiverem carregados de violência, quando você não mais necessitar dela para agir-reagir com o mundo, ela – a violência – continuará sacudindo você descontroladamente por muito tempo."

"...desse lado que conta como cada passo é dado com medida, altura, largura e tempo"

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Vestígios de Sonho - VI

Essa noite sonhei que morria, dormindo. Sem saber muito bem pra onde estava indo, cheguei à "portaria da morte". Lá, um homem negro, vestido de branco, um pouco gordo, sentenciou: Você morreu. Diante da minha recusa em aceitar o fato, este educado porém frio homem, enviou-me para outro setor, onde uma mulher ruiva, muito elegante, de óculos, confirmou: Sim, você morreu. Mas como assim, como morri, se apenas fui dormir, o que eu tive? Ela examinou uns papéis: você tinha câncer nos rins, mas morreu de um ataque cardíaco. Esta decisão foi tomada pois você não estava fazendo bom uso de seu tempo em vida.

Meu comportamento era o de uma pessoa que é cobrada indevidamente ou exatamente o de uma criança que faz alguma coisa errada e quer a redenção: Não, não pode ser, por favor me dê uma chance, prometo fazer diferente, eu sei que é um sonho de morte, que estou dormindo, mas prometo que quando acordar lembrarei de tudo isso e farei diferente. Lembro de um olhar complacente, ou talvez duvidoso. Lembro de voltar a dormir.

Acordei com a lembrança da morte e da promessa. Afinal tudo não passou de um sonho, talvez o câncer nos rins fosse apenas vontade de fazer xixi, o ataque cardíaco uma simples reação do meu coração ao lembrar de você.

Mas o aviso para aproveitar melhor meu tempo, esse foi real.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014


entre discursos, sentimentos, atitudes
quantas contradições cabem!

cabem, mas não servem

como roupas apertadas
oprimem, deformam
o sem limite do ser

então vou

retirar toda capa
desatar todo nó
servir, ao que sou

onde só cabe

um sentimento,
um discurso,
uma atitude:

AMOR


tantos beijos escritos
beijos, beijinhos, beijões
entre reticências, espaços
e exclamações

tantas palavras de amor
o afeto preso em palavras
o gesto endurecido
nas entrelinhas do amor


fiquei parada no tempo?
a que tempo pertenço?
me liberto na morte?
qual minha sorte?

morrendo, eu mesma sou  tempo
- tal qual vento -
ou, apenas um intento:

SER

eterna, enfim?

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014


no céu
estrelinhas
reluzem

no papel
entrelinhas
não dizem

em mim
cabem silêncios

e a noite acaba em passarinhos

domingo, 26 de janeiro de 2014

sensualidade


expressões de um corpo
que ama-se tanto
como quer amar
outro
(s)

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014


despenco do tempo
desfaço o espaço
num negro buraco

em mim
o que conheço
só me vale
quando esqueço

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014


nó de aperto no fundo do peito
na fibra profunda do peito
no mundo de dentro de tudo que sou
no sentimento que tenho e não dou
no laço desfeito: nó que sobrou