quarta-feira, 14 de maio de 2014

- Tom Zé

"Conselho para um jovem compositor
Não há vida depois da morte. Mas é absolutamente certo que há uma vida depois da vida.
Agora, você está começando a ensinar seu córtex cerebral a cantar. Desde o começo tenha todo o cuidado com a violência, porque quando as ligações neurônicas se repetem muitas vezes elas se tornam hábitos e estes hábitos mecânicos são transmitidos para o cerebelo.
O cerebelo tem um controle mais distante e fica repetindo os hábitos adquiridos. Se esses hábitos remotos estiverem carregados de violência, quando você não mais necessitar dela para agir-reagir com o mundo, ela – a violência – continuará sacudindo você descontroladamente por muito tempo."

"...desse lado que conta como cada passo é dado com medida, altura, largura e tempo"

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Vestígios de Sonho - VI

Essa noite sonhei que morria, dormindo. Sem saber muito bem pra onde estava indo, cheguei à "portaria da morte". Lá, um homem negro, vestido de branco, um pouco gordo, sentenciou: Você morreu. Diante da minha recusa em aceitar o fato, este educado porém frio homem, enviou-me para outro setor, onde uma mulher ruiva, muito elegante, de óculos, confirmou: Sim, você morreu. Mas como assim, como morri, se apenas fui dormir, o que eu tive? Ela examinou uns papéis: você tinha câncer nos rins, mas morreu de um ataque cardíaco. Esta decisão foi tomada pois você não estava fazendo bom uso de seu tempo em vida.

Meu comportamento era o de uma pessoa que é cobrada indevidamente ou exatamente o de uma criança que faz alguma coisa errada e quer a redenção: Não, não pode ser, por favor me dê uma chance, prometo fazer diferente, eu sei que é um sonho de morte, que estou dormindo, mas prometo que quando acordar lembrarei de tudo isso e farei diferente. Lembro de um olhar complacente, ou talvez duvidoso. Lembro de voltar a dormir.

Acordei com a lembrança da morte e da promessa. Afinal tudo não passou de um sonho, talvez o câncer nos rins fosse apenas vontade de fazer xixi, o ataque cardíaco uma simples reação do meu coração ao lembrar de você.

Mas o aviso para aproveitar melhor meu tempo, esse foi real.