A sexta amanhece como um alívio, falta pouco pra ser sábado, e então: acordar a hora que quiser, mesmo que cedo pra ir até o centro fazer compras, varrer a casa, lavar a roupa. Essas coisas, gosto mais quando estão terminadas - a casa em ordem - e me sinto bem porque cuidei da casa e cuidei de mim. A sexta é essa espera do sábado doméstico.
No entanto hoje é sábado, já é tarde, e permaneço no meu quarto, porta fechada pra casa e pros outros. Tenho desvontade de ouvir as vozes e conversas. E fico dentro, subjetivamente protegida, com um remorso acomodado de não estar descongelando a geladeira nem esfregando o fogão.
Quero a casa limpa mas também a quero silenciosa, para que possa povoá-la com as vozes queridas que estão longe e só imagino, e não chegam tão nítidas quando a casa vai bagunçada.
Percebo que há tanto tempo venho vivendo com experiências imaginárias... e espanto-me quando tornam-se lembranças: invento lembranças pra poder acordar. Fantasio pra suportar a vida maquinária que estou levando, sem saber se é inteligência ou covardia.
O sábado hoje está nublado, mais ainda estão meus pensamentos...
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