semanas corridas de muito sol, e que a repetição reforce a idéia: sol, sol, sol. até de noite tinha sol, sem luz, mas calor de sol.
e na sexta, às seis, choveu. repetição: choveu, choveu, choveu.
ele não imaginava como era sua casa, ele não imaginava, ele não tinha casa.
vivia numa inconfortante, conformada, solidão: de si, do mundo, das coisas. como um tatu, um tatu metropolitano e sujo, morando embaixo da maior cidade do brasil.
morava ou se abrigava, ou se sujava mais ainda?
não que fosse miserável seu espírito, mas a vida toda de misérias materiais, sociais e afetivas o fizeram assim. um tatu metropolitano.
quando pequeno morava com a mãe num barraco. aos 14 anos fugiu.
por muito tempo morou entre papelões embaixo da ponte.
até aí, nada demais. essa miséria é normal aos nossos olhos anestesiados.
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